WARM UP!: Como funcionam os GPs de Fórmula 1?
- Formulando by Pedro Henrique
- Apr 24, 2022
- 10 min read
Você sabia que a corrida começa antes de domingo? Sabe como funcionam e para que servem os Treinos Livres? Como funciona o classificatório?

Mais um Warm up no ar! E nesse segundo texto do nosso manual sobre a F1 vamos abordar o funcionamento, ou como é a programação de um GP de Fórmula 1, afinal, agora que você que acompanha os posts aqui no blog e entende já sobre como funciona o campeonato da F1 (Se não viu ainda esse texto, acompanhe no último post do Warm Up!), vamos nos aprofundar um pouco mais sobre como funciona cada corrida do calendário do campeonato! Assim como a descrição do texto já diz, a corrida não começa no domingo! Existem diversas atividades que antecedem a corrida que são inteiramente importantes e decisivas para a corrida! Bora lá aprender um pouco mais?
Bem, o calendário da F1 é composto por diversas corridas ao redor do mundo, com o total de 22 corridas esse ano (podendo ser 23 que ainda está a ser confirmado pela FIA), cada corrida tem uma cronologia semelhante, ou melhor, padronizada. As semanas de corridas da Fórmula 1 são chamadas de Race Week. Antes de falarmos exatamente do final de semana de corrida, que é o principal de uma Race Week, o fato mais importante para se saber sobre a Race Week, é que necessariamente elas não acontecem em sequência, ou seja, não há corridas todos os finais de semana! Existem alguns espaços entre finais de semana de corrida, e até mesmo um período de “Férias”, mas sobre esse período vamos falar em outros textos mais a frente. O importante nesse momento é sabermos que as corridas ocorrem em finais de semana, e com alguns intervalos entre elas. Podem haver corridas que ocorrem em sequências, ou seja, em finais de semanas seguidos. Quando isso ocorre chamamos de rodada dupla, ou rodada tripla (Quando existem 3 corridas em finais de semanas seguidos, ou seja, três semanas seguidas com corridas aos finais de semana). Isso pode acontecer às vezes dependendo do calendário e da facilidade de locomoção das equipes e do evento. Mas porque existem esses espaços entre corridas? E às vezes elas ocorrem em seguida? Os espaços entre corridas, existem por pura necessidade logística das equipes de F1 e alguns outros motivos, que podem ser por necessidade da própria FIA, ou de alguns fornecedores da categoria como a Pirelli (Fornecedora de Pneus), mas que em suma esses espaços acontecem para facilitar a locomoção e a logística das equipes que a cada corrida montam toda a estrutura dos boxes, autódromos e tudo que assistimos na TV em cerca de 2 até 3 dias, e desmontam em 2 dias para levar a outro país onde ocorrerá a próxima corrida. Sim, esse processo é bem cansativo, rápido, e muito completo, e por isso é necessário alguns intervalos entre corridas para que não haja exaustão de todos que trabalham na F1. As corridas que acontecem em seguida, necessariamente são viáveis por questões de facilidade logística, ou seja, quando uma corrida é necessariamente muito próxima da outra, como por exemplo algumas corridas na Europa, e quando a próxima corrida ocorre no mesmo circuito/autódromo, não exigindo assim nenhuma logística. Como dito, existem outros motivos que podem interferir na programação do calendário, como alguns testes obrigatórios e etc. Mas trataremos deste assunto em posts mais a frente.
Chegou uma Race Week! E agora?
As semanas de corrida na Fórmula 1 são muito padronizadas, apenas alguns circuitos que apresentam diferentes programações, como por exemplo os circuitos que tem corridas Sprint e Mônaco. Vale lembrar que Mônaco além de ter uma programação diferente, esse circuito faz parte da história da F1, e devido a sua longa história, contexto e especificidades, vamos tratar de Mônaco em um texto exclusivo para essa pérola da categoria. Mas, nos dias atuais podemos considerar que existem 2 tipos de finais de semana, ou race weeks, as que terão corridas Sprint, e as que não tem corridas Sprint. (Também conhecido como Sprint Race). A Sprint Race, foi introduzida a F1 em 2021 contemplando 3 race weeks ao longo do ano apenas, neste ano de 2022 a lógica permanece a mesma, porém, com alteração dos circuitos escolhidos, com exceção do Grande Prémio de São Paulo -Brasil, ou como muitos conhecem, Grande Prémio de Interlagos, neste post vamos falar apenas de uma race week comum, no próximo post dessa série vamos falar mais sobre a Sprint Race.
Em uma Race Week comum, todas as equipes e todos os envolvidos nas corridas (Equipe da F1, comissários, diretores, pilotos reservas, pilotos de segurança e etc.), se deslocam para o país que irá sediar a corrida, necessariamente para a cidade onde ocorrerá a corrida.
Os três primeiros dias das Race Weeks (segunda-feira até quarta-feira) são basicamente para montagem do Paddock (Área interna do autódromo destinado para receber as bases de cada equipe, áreas técnicas, vip e etc.), montagem dos Boxes, e chegada de todos as parafernalhas das equipes. Nesses dias, é comum que alguns pilotos começam a chegar ao local para conhecer o país ou cidade, saber das alterações para o ano, coletivas de imprensa locais e internacionais, atividades de mídia e patrocinadores, além claro de se climatizar com o país, comida, fuso-horários, hotel e etc. Nas quintas feiras, iniciam as chamadas atividades de pista. Nessas atividades as equipes já estão com suas bases, boxes e equipamentos montados, é neste dia que todos começam trabalhar nos carros, e prepará-los para o dia seguinte de testes e treinos. Os pilotos por sua vez, nesse dia fazem reconhecimento da pista, caminhando por todo circuito, ou às vezes até percorrendo de bicicleta, como é comum acompanhar nas redes sociais de alguns destes pilotos. Esse dia é importante para algumas equipes conhecerem a situação atual da pista, e ver se é necessário atentar-se a algum ponto, curva ou situação presente que possa interferir no carro.
Na sexta-feira iniciam as atividades de pista com os carros e pilotos, neste dia todas equipes já com os carros montados e prontos para ir a pista, fazem dois treinos. Esses treinos são chamados de Treinos Livres e tem 1 hora de duração. Esse treino chama-se livre pois nele é possível fazer qualquer tipo de ajuste no carro, trocar peças, fazer simulações de situações de corrida ou treino classificatório. Algumas equipes testam novas peças, ou até mesmo, aerodinâmicas diferentes para o carro. O objetivo principal dos treinos livres é estudar o desempenho do carro na pista em que ele está correndo, isso porque cada pista tem um tipo de traçado diferente, asfalto diferente, clima, temperatura, declividade e diversas questões que podem ou não afetar o desempenho, ou exigir configurações diferentes do carro para a corrida. Todas as equipes podem testar os carros durante o treino livre, porém, somente durante os treinos livres. Na sexta-feira existem 2 treinos livres que são chamados de TL1 e TL2. Após o término de cada treino livre as equipes podem trabalhar nos carros em seus boxes com base nos dados coletados no treino, porém, não é possível testar o carro em pista, caso a equipe faça alguma alteração. Isso só pode ocorrer no próximo treino livre conhecido como TL3
No sábado, as equipes continuam trabalhando nos carros para saber qual o melhor ajuste para o classificatório e para corrida, além de testar os tipos de pneus que podem ter melhor ou pior desempenho. Aqui vale uma observação importante, os pneus e suas gamas são extremamente importantes para o desempenho do carro, nesse texto não vamos falar sobre isso, mas em textos posteriores iremos explicar exatamente quais os tipos, padrões e como funciona a lógica de utilização dos pneus. De volta ao sábado, as equipes apresentam seus carros para o último treino livre (TL3), que acontece sempre nos primeiros horários do dia, seguindo a mesma lógica do que se pode ser testado, trabalhado ou simulado em qualquer treino livre. Após o término do TL3 as equipes têm algumas horas para preparar o carro para o último treino antes da corrida. Mas esse treino é diferente dos TLs (Treinos Livres), esse treino é o que chamamos de Treino Classificatório.
O treino classificatório é basicamente um treino onde o que conta é o melhor tempo em pista, ou seja, qual carro conclui a volta mais rápida na pista. Porém, existe uma diferença entre o TL e o Classificatório, essa diferença é a “Regra de Parque Fechado”. Que basicamente consiste em que as equipes não podem mais fazer nenhuma alteração mecânica no carro, ou ajuste, ou qualquer tipo de mudança. Apenas é permitido mexer em configurações de situações climáticas, ou seja, caso o treino aconteça em dia ensolarado, e a corrida aconteça sob chuva é possível alterar a configuração básica aerodinâmica do carro para chuva, evitando que o carro fique perigoso para pilotagem, evitando acidentes. Mas vale lembrar que essas alterações permitidas, são básicas e estão sob observação constante da direção de prova (pessoas que fazem o controle das equipes, corrida e que tem como objetivo, fazer com que as regras sejam seguidas durante toda race week). Tendo em vista que o treino classificatório começou as equipes não podem mais mexer em componentes de potência e motor dos carros, nem substituir peças. Durante o treino classificatório existem 3 momentos, separados por pequenos intervalos de alguns minutos. Esses momentos são o Q1, Q2 e Q3.
Como o próprio nome diz, o objetivo da qualificação é organizar qual a ordem que os carros irão largar no dia seguinte na corrida. Quem irá largar na ponta? Quem irá largar na última colocação? Quem irá largar em décimo? Isso tudo é definido dentro do Q1, Q2 e Q3. Durante o Q1 todos os carros e equipes têm o tempo determinado de 18 minutos para correr e fazer o melhor tempo possível. A ordem de melhores tempos é organizada da forma em que o carro que fizer o melhor tempo fica em primeiro, o segundo melhor tempo em segundo e assim sucessivamente. Ao final do Q1 os últimos 5 tempos, ou melhor, os 5 piores tempos dos 20 carros são desclassificados para o Q2. Assumindo a posição da qual eles ficaram, por exemplo: Um piloto conseguiu fazer uma volta na pista com seu carro e o seu tempo foi o 18º tempo mais rápido, esse piloto irá largar em 18º lugar no dia seguinte, e não poderá disputar o Q2 no classificatório. Assim que se inicia o Q2, após alguns minutos de pausa ao fim do Q1, novamente as equipes que conseguiram ficar entre os 15 melhores tempos entram novamente na pista por mais 18 minutos para disputar os 10 melhores tempos. Ou seja, da mesma forma que no Q1 os dez primeiros, ou dez melhores tempos, ao término do Q2 avançam para o Q3. Os 5 piores tempos do Q2 não avançam e deverão largar na posição da qual seus tempos ficaram, da mesma forma que no exemplo do Q1. Chegamos ao Q3, essa é a etapa mais importante do classificatório, pois nela será definida de fato qual piloto largará na primeira posição no dia seguinte, na corrida. No Q3, dez carros entram na pista (os 10 que avançaram do Q2), e disputam o melhor tempo, para saber quem irá largar em primeiro, segundo, terceiro e etc. até o décimo lugar. Ou seja, no Q3 é definido a posição dos carros que vão largar no dia seguinte da primeira posição até a décima posição. Para entender melhor, vamos olhar o exemplo:
Classificatório - Q1

Classificatório - Q2

Classificatório - Q3

As tabelas acima mostram o resultado de um treino classificatório (Q1, Q2 e Q3), onde os destaques em amarelo são os piores tempos de cada etapa de corte, no Q1 e Q2. Também é possível observar o tempo de volta, ou seja, o tempo que tal piloto fez para percorrer o circuito. Mas, a observação principal é para o piloto destacado em verde, Sergio Perez. No Q1, Perez fez uma volta de 1 minuto, 19 segundos e 773 centésimos. Isso lhe garantiu passar para o Q2, pois esse resultado lhe concedeu o 5º melhor tempo. No Q2 o piloto fechou a etapa com o tempo de uma volta em 1 minuto, 19 segundos e 292 centésimos. Perez conseguiu diminuir o tempo anterior do Q3 e isso fez com que ele ficasse com o quarto melhor tempo, podendo então ficar entre os 10 classificados para o Q3. Como explicado anteriormente, os dez pilotos no Q3 disputam para saber quem largará na corrida do primeiro ao décimo lugar. E como é possível observar, Perez fez um tempo inferior ao que ele havia feito no Q2 e Q1. O piloto fez a volta mais rápida dele mesmo em 1 minuto 29 segundos e 808 centésimos. Isso fez com que ele terminasse o treino classificatório com o 7º tempo no Q3, o que lhe concede a sétima posição de largada no dia seguinte.
O piloto que marca o melhor tempo, ou seja, faz o melhor tempo no Q3 podendo então largar em primeiro no dia seguinte (Na corrida), é chamado de Pole Position. E esse piloto recebe o prémio de tal feito, assim como contabiliza para os seus números de carreira e da temporada. Ser Pole Position não concede pontos! Porém, pode ser critério avaliativo ao final da temporada se por acaso houver empate de pontos, sendo declarado campeão quem tiver feito mais pole positions na temporada.
Uma informação relevante ainda sobre o treino classificatório, se um piloto bater durante o treino ou quebrar o carro, o que acontece? Bem, o piloto fica com o ultimo lugar da etapa em que ele está (Q1, Q2 ou Q3), exemplo: Se observarmos Carlos Sainz nesse exemplo acima, o piloto ficou em terceiro no Q1, segundo no Q2 e bateu no Q3, ou seja, não realizou uma volta completa no Q3 o que fez com que ele largasse na décima posição na corrida. (Ultima posição disponível no Q3).
Enfim a corrida! Nos domingos, como muitos já conhecem, acontece a tão esperada corrida de F1. A largada da corrida é organizada da forma da qual foi definida no dia anterior através do treino classificatório. Todos os carros são alinhados a pista conforme suas posições e não podem ter sido mexidos após o treino classificatório, devendo estar em perfeito estado e exatamente iguais (em configurações, motor, potência e etc.), ao dia anterior. As luzes se acendem e depois apagam, todos carros largam em fila respeitando a ordem, e dão uma única volta na pista para aquecer os pneus, freios, motor e etc. Essa volta única é conhecida como volta de aquecimento ou volta de apresentação. Após os carros concluírem essa volta eles param novamente em seus lugares e aguardam até que todos estejam devidamente parados em seus lugares. Novamente as luzes se apagam, e vão acendendo uma de cada vez, ao término de todas as luzes acesas, assim que se apagarem é iniciado a corrida, deste momento em diante, todos os carros disputam volta após volta por posições de forma livre, claro respeitando sempre o regulamento de corrida.
A quantidade de voltas de uma corrida pode variar conforme o tamanho da pista e sua quilometragem, isso porque o que conta na verdade é quantos quilômetros os carros irão percorrer durante a corrida, respeitando um total de aproximadamente 305 a 310 km. Ou seja, dependendo do tamanho de cada circuito/autódromo, as corridas podem ter menos ou mais voltas a serem percorridas.
No próximo texto vamos falar sobre o que é a tal Corrida Sprint, que você leu aqui neste texto! E nos próximos textos vamos falar também sobre, Pneus, DRS, ERS e diversos assuntos importantes em todas as corridas! Então fique de olho!
Até a próxima!
Valeeeeeuuuum…
Commentaires